Através da paródia e da inversão entre o alto e o baixo, Márcio Souza, em A resistível ascensão do Boto Tucuxi, carnavaliza a política brasileira – e a escolha por retratar a política dessa forma é interessante, pois o autor brinca com essa esfera da vida social que deveria ser regida pela seriedade e honestidade, mas que, particularmente no Brasil, é, muitas vezes, comandada por motivos baixos, escusos, ilegais. Somado a isso, Bakhtin (1987) coloca o carnaval como sendo muito mais comum em períodos históricos de crise do homem, da sociedade e da natureza – e de crise eram os períodos retratados no romance do escritor amazonense, o que faz da carnavalização presente na obra ainda mais significativa.
E é pensando no carnaval que essa inversão de valores se transforma em algo mais produtivo, pois, durante essa festa, o baixo não tem um valor negativo, mas é justamente valorizado com o intuito de que triunfe uma liberação do regime vigente e de sua verdade.
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